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sábado, 27 de julho de 2013

Notas de Viagem 4: Le Musée du Louvre

Quase cometo um pecado irreparável: ia prosseguindo essas notas de viagem sem comentar nada sobre o Musée du Louvre. É em si uma construção cheia de fatos históricos e prende-se ao passado parisiense. É o maior museu do mundo, com uma inigualável coleção de obras de arte entre as quais, sem dúvida, destaca-se a Monalisa, de Leonardo da Vinci, o gênio do Renascimento. Está protegida por grossos vidros à prova de bala, depois de um roubo da tela e de outras tentativas de danificá-la.

A Monalisa foi roubada em agosto de 1911; o escritor francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso foram presos, suspeitos da pilhagem. Inocentes, foram soltos depois. Quando se acreditava que a obra estava perdida para sempre, ela apareceu na Itália, nas mãos de um antigo servidor do Louvre. Não bastasse isso, em 1956, um psicopata jogou ácido sobre o quadro, danificando-lhe a parte inferior; o restauro da tela foi demorado e trabalhoso. Quando a obra retornou ao seu lugar, um boliviano estragou a sobrancelha esquerda da Monalisa, jogando-lhe uma pedra. Em agosto de 2009, uma mulher russa arremessou uma xícara de café vazia contra o valioso alvo; felizmente, dessa vez, o vidro protetor já existia e o objeto arremessado somente atingiu a proteção.

Gastamos uma tarde, em rápida excursão guiada; não conseguimos ver nem um décimo do acervo. É, a gente tem de dar razão à frase “é melhor ver pouca coisa bem do que muita coisa mal”. Seria necessário uma semana pelo Louvre.

Dentro do magnífico museu, um fato prosaico aconteceu: meu amigo Ricardo se perdeu do grupo, maravilhado com tudo o que via. Márcia, sua mulher, entrou em desespero. Minha esposa ficou para trás, ajudando-a na missão (quase impossível, o Louvre estava cheio, como sempre) de encontrá-lo. Continuei a visitação, prestando atenção para que minha filha Vanessa e a filha do casal, Gabriela, também não se perdessem. Após esperar um pouco no saguão onde está a pirâmide de vidro, encontramos o Ricardo. Ou melhor, ele nos encontrou. Um tempo depois, Márcia e Luiza chegaram.

O Louvre foi erguido em 1190, por Filipe II, como fortaleza para proteger Paris contra o acesso de invasores pelo rio Sena; dessa época existem os restos da antiga torre, que podem ser vistos na Salle des Cariatides (Sala das Cariátides). Quando Luís XIV transferiu o centro do poder de Paris para Versailles, o prédio ficou um tempo abandonado. Após várias peripécias, foi remodelado e transformado no museu como hoje se apresenta.

A capital francesa é uma cidade de museus; eles existem aos montes. Na pressa das excursões turísticas, não há como conhecer os outros, tanto por motivos econômicos, em todos se cobram ingressos, quanto por exiguidade de tempo mesmo.

Para quem, como eu, ama História antiga, sente um gostinho de frustração. Mas como visitar com proveito um prédio gigantesco, de quatro andares repletos de um acervo artístico único no mundo em apenas cinco horas? Ficou para outra vez.

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