Título em português: Para Ler Romances Como Um Especialista
Autor: Thomas C. Foster
Editora: Lua de Papel
Copyright: 2011
ISBN: 978-85-63066-47-3
Páginas: 286
Bibliografia do autor: Form and Society
in Modern Literature, 1988; Seamus Heaney, 1989; Understanding John Fowles,
1994; How to read literature like a professor (Para Ler Literatura Como Um
Professor), 2003; How to read novels like a professor (Para Ler Romances Com Um
Especialista), 2008; Twenty-five books that shaped America, 2011; Reading the
Silver Screen, 2016.
Thomas C. Foster é professor de
inglês na Universidade de Michigan, Flint, e também ministra cursos sobre
ficção contemporânea, teatro, poesia, escrita criativa e composição. Escreveu diversos
livros sobre literatura e poesia, inglesa e irlandesa do século XX, e mora em
East Lansing, Michigan.
Se você gosta muito de ler, mas
acha que poderia ler melhor, este é o livro indicado para você. Para Ler Romances Como Um Especialista é
e não é um manual. Do manual ele mantém a intenção de instruir o leitor a
respeito de como executar alguma coisa. Entretanto, possui um texto muito
gostoso de ler, bem humorado. Thomas sabe que, em literatura, conselhos para
aproveitar melhor a leitura são sempre bem-vindos, mas não há lugar, neste
campo, para “fórmulas consagradas”. Até porque, insiste ele, cada livro ensina
ao leitor como deve ser lido.
O leitor já maduro não encontrará
muita coisa de novo, que já não tenha intuído. Todavia, acho interessantíssimo
um livro em que uma relação ampla de estratégias de leitura de romances esteja
reunida e explicada.
Partindo de sua vasta experiência
letiva, Foster vai traçando “leis”, como por exemplo:
“Lei da Unidade Narrativa: a melhor maneira de organizar um romance é a que faz mais sentido para aquele livro em particular. (...) A única unidade que um romance tem é qualquer uma que o escritor impõe a ele e o leitor descobre.” (página 235)
Ou, então esta, uma das minhas
preferidas:
“Lei de Nós e Eles: Os leitores escolhem o grau em que se identificam com os personagens. Talvez esta seja a coisa mais milagrosa com relação à leitura, a maneira pela qual podemos ficar cativados pelo familiar quanto pelo estranho.” (página 211)
Esta lei explica, por exemplo, o
sucesso do queridinho do momento, John Williams, no seu romance Stoner. Neste romance atípico, nada —
absolutamente nada — acontece ao personagem que dá nome à obra. Contraria toda
a orientação dada em oficinas de escrita criativa e as fórmulas dos mais
estrondosos best-sellers. Prega-se, nestes meios, exatamente o contrário:
deve-se dotar o livro de um enredo dinâmico, num texto moderno, ágil. Stoner não é nada disso. Não obstante, é
um estrondoso sucesso, após vinte anos de ostracismo.
Este livro vai se juntar a alguns
livros sobre leitura/escrita que considero hors
concours: Para Ler Como Um Escritor,
de Francine Prose; Para Ler Literatura
Como Um Professor, do próprio Thomas C. Foster; A Arte da Ficção, de David Lodge; Escrever Com A Alma, de Natalie Goldberg; Oficina de Escritores, de Stephen Koch. Útil também poderá ser a
leitura dos três pequenos volumes publicados pela editora L&PM, Viver E Escrever, de Edla Van Steen.
Uma oportuna lista comentada de
leituras acompanha o volume de Thomas C. Foster.
Gostei de muitas coisas ditas pelo
autor, como por exemplo, a ideia de que todos os livros do mundo formam uma
rede de diálogos, desde o Dom Quixote, de Cervantes, o Decamerão, de Boccaccio,
o Tristram Shandy, de Lawrence Sterne até a mais recente obra contemporânea.
Ao se esforçar para dotar o
leitor de estratégias de compreensão e apreensão dos romances, Foster acaba
evidenciando alguma coisa sobre a outra arte, a de escrever. Sim, pois aos
esmiuçar certos livros, bases para o que deseja explicar, mostra as estratégias
traçadas pelos autores para a orientação dos seus leitores.
Li este Para Ler Romances Como Um
Especialista exatamente como um romance: degustando o texto e sistematizando
conhecimento já adquirido por estas minhas já extensas andanças literárias.
Muito bom. Recomendo.
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