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quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Escolha da Leitura

por Cleuber Marques da Silva

“Como você escolhe seus livros?” Essa é uma pergunta que me fazem com alguma frequência, ao saberem da minha paixão pela literatura. Não é propriamente um método, mas apenas um costume, uma rotina. Gosto muito de visitar livrarias de shoppings; aliás, enquanto minha esposa e minhas filhas vão olhar suas compras, fico quase sempre dentro de uma livraria, sabendo que disporei de bastante tempo para minhas consultas.

A capa é importante. Digamos, é o primeiro item da “atração física” pela obra. Leio a quarta capa, que contém já alguma informação sobre o produto. A orelha do livro, se for bem feita, será também imprescindível: ali estão mais dados. Um passeio pelo índice tem dado bons resultados; se ele for feito com competência, me dará uma planta baixa do que tenho em mãos, principalmente se for uma obra técnica, acadêmica. É o caso, também, de consultar a bibliografia em que se apóia; essa pesquisa é rápida e me adiantará a linha seguida pelo autor ou, pelo menos, se é uma pesquisa séria.

Os prefácios, as introduções, apesar de serem quase sempre relegadas ao descaso, contêm muitas vezes, apreciações, podem revelar algo sobre o autor, sobre a obra; fornecem, às vezes, comentários críticos, alguma antecipação (sem serem spoilers), depoimento do autor.

Apesar de todo esse cuidado, em muitos casos vai funcionar mesmo algo completamente irracional: o feeling, o famoso e impreciso feeling. Afinal, tem-se de apostar em escritores não tão conhecidos. Como controlo bastante as compras basicamente por impulso e – cada vez mais compro pela internet – leio resenhas feitas em alguns blogues, vejo alguma crítica. Fique claro, entretanto, todo esse aparato me orienta sobre o que comprar, mas não decide por mim. Essas providências não funcionam bem com aquele autor novo, ainda pouco ou nada resenhado.

No caso de autores de quem tenha lido alguma coisa boa, o nome tem seu peso. Não costumo ser tão detalhista com o Cristovão Tezza, com o Chico Buarque. São bons escritores e, apesar de estar plenamente consciente de mesmo os bons escritores não conseguirem produzir sempre excelentes textos, produzem trabalhos honestos (não tentam enganar seus leitores). Aqui, o critério da credibilidade e da referência bem postada.Resultado de imagem para leitores

Como último ato, folheio o livro, leio trechos diversos. Aqui funcionará a velha e boa intuição. Por aí o leitor vê que, mesmo comprando muito pelas livrarias virtuais, não deixo de ir a uma loja física, para ter um – digamos – contato mais íntimo com a obra em questão.

Sendo tão virginiano assim – leia-se perfeccionista – será que nunca me enganei? Claro que sim, entendo que isso faz parte da vida de qualquer leitor. Ao adquirir algo ruim ou desagradável, não me forço mais: despacho-o na primeira oportunidade. Se uma leitura não me pega nas primeiras vinte páginas, concedo um descanso ao livro; se, na próxima vez, também não conseguir desenvolver a leitura além das tais páginas, é hora de passá-lo adiante. Pode não ser ruim, apenas não me agradar. Não tenho obrigação alguma de gostar do que leio.

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Quando fazia minhas leituras durante o curso de letras, li muita coisa chata (nem todo texto, acadêmico ou não, de autor famoso ou não, é bem escrito) por necessidade – haveria prova – ou por disciplina. Agora, não. Alguns livros ainda leio por disciplina, sobretudo aqueles reconhecidos como uma formação importante, mas tenho lido muito mais por prazer…

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