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quinta-feira, 16 de março de 2017

Mês de Março: Uma pequena homenagem às mulheres

Você deve ter notado, retirei O Capote e outras histórias, do escritor russo Nikolai Gógol da relação dos livros que estou lendo. Resolvi adiar esta leitura e explico porquê: ao receber meu exemplar de Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, não pude resistir a iniciar a leitura da obra. Um verdadeiro "tijolo" de 957 páginas. Obviamente, esta aventura vai durar alguns dias; afinal, são novecentas e cinquenta e sete páginas! E aí me lembrei de que era o mês de março e de que exatamente neste mês comemora-se o Dia Internacional da Mulher (08/03).

E Um defeito de cor me motivou a investir num pequeno projeto: e se ele não fosse uma leitura isolada, mas constituísse, junto com outros livros escritos por mulheres, numa singela homenagem a elas? Afinal, tenho duas filhas e uma esposa, além de contar com irmãs e algumas amigas muito queridas na minha convivência. Entretanto, qual seria o tom a perpassar o projeto? Histórias açucaradas, falando de desilusões amorosas? Não é meu estilo. Além do mais, a questão feminina permanece com muitas arestas áridas, no mundo todo.

Aos poucos, encontrei o tom, a voz condizente com minhas preocupações. Homenagear aquelas que, de algum modo, trouxeram uma abordagem que contribuísse para reflexões, para novos olhares sobre o lugar da mulher no mundo. Compulsando os livros que eu já tinha, e ajuntando mais duas importantes obras literárias, cheguei aos quatro títulos para o mês de maio de 2017:
  1. Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves - uma longa história, num texto apaixonante, traçando um painel bastante completo sobre os negros no Brasil, abordando a África e o tráfico de escravos, o movimento de resistência negra em nosso país. Tudo contado pela ótica de uma menina de oito anos inicialmente, e depois desenvolvido pela sua narrativa enquanto ela se torna mulher.
  2. Laços de família, de Clarice Lispector - um livro de contos emblemáticos sobre o sentir e refletir feminino, pelas mãos talentosas da insuperável Clarice. Sem dúvida, ainda a maior escritora brasileira. E digo isso não só pela peculiar estética clariciana, mas pela sua abordagem extremamente original, pela sua sensibilidade à toda prova.
  3. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus - um depoimento contundente de uma favelada negra. O livro já foi traduzido para várias línguas e permanece extremamente atual, sinal de que pouca coisa mudou de lá para cá. Está encomendado e deve me chegar nos próximos dias.
  4. Sejamos todos feministas, de Chimamanda Ngozie Adichie. Progressivamente, vou me apaixonando por esta mulher fantástica, mesmo sem a ter lido. É um dos casos raros na minha vivência livresca: descobri Chimamanda antes de ler qualquer coisa dela, pelas suas palestras no TEDx, no Youtube. Sejamos todos feministas é um livrinho pequeno no tamanho, mas grande na significação, uma transcrição de uma daquelas palestras, com acréscimo.
Este o projeto. A leitura de Um defeito de cor está bem encaminhada; começo a ler, pela quinta vez, Laços de família; aguardo a chegada dos outros dois livros, Quarto de despejo (mais ou menos 175 páginas) e Sejamos todos feministas (24 páginas).

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