Autores: Gary Allen e Larry Abraham
Tradutor : Eduardo Levy
Editora : Faro Editorial
Edição : 1ª
Copyright : 2017
ISBN : 978-85-62409-90-5
Gênero textual : relato político
Origem : EUA
Com certeza, você já ouviu estarrecido que apenas um por cento das pessoas detém mais riquezas do que os restantes noventa e nove por cento dos demais. Bem, esta informação tem cheiro e cara de mais uma daquelas Teorias de Conspirações que circulam no mundo. Ainda mais se você adiciona ao cardápio o nome dos Illuminati.
Gary Allen é graduado em História
pela Stanford University. Foi um membro eminente da John Birch Society. De 1964
em diante, escreveu também artigos para revistas como Conservative Digest e
American Opinion. Ocupou o cargo de redator dos discursos de George Wallace,
durante as campanhas deste governador do Alabama à presidência.
Larry Abraham, também formado em História,
liderou movimentos republicanos ainda na juventude. Tornou-se uma voz ativa
dentro do meio liberal; foi cofundador da PanAmerica Capital Group, Inc., autor
e palestrante sobre temas políticos, econômicos e financeiros.
E o que estes dois autores nos dizem
neste Política, Ideologia e Conspirações – livro famoso no exterior, escrito
e publicado em 1971 – e só agora merecendo uma primeira edição no Brasil? Basicamente,
uma pequena parcela da humanidade detém o poderio econômico maior que o
restante dos habitantes deste planeta. E quando se possui um poderio econômico tão
grande, pode-se entender a influência que podem exercer sobre governos. E aí
temos um problema: quem detém poder luta para mantê-lo, não é mesmo? E mais:
luta para expandi-lo. Fará qualquer coisa para continuar a ter o poder nas suas
mãos e nas de seus familiares.
Afinal, foi assim desde que o mundo
é mundo: temos exemplo disto nos Bórgias, nos Césares, nos Médicis, etc. Não
serão estes os nomes a desfilarem neste livro, substituídos pelos poderosos do
mundo moderno: Os Rockefeller, os Rothschild, os Warburg e alguns mais. Mas a
tese central deste livro polêmico não é exatamente declinar os nomes dos mais
ricos, como se depreende do título.
Gary e Larry (daria uma dupla de
música country norte-americana, não?) arrolam uma quantidade impressionante de
argumentos para dizer: “olha, enquanto nós achamos que comunismo e capitalismo
são arquirrivais, como óleo e água não se misturam, os tais detentores do
poder, lá em cima, não têm essa delimitação ideológica. Sendo capitalistas,
todos eles, fazem e fizeram acordos com os comunistas sempre que disto pudesse
resultar mais dinheiro ou poder para seus cofres – uma coisa puxa a outra.
Anotei a primeira passagem do livro:
“Os ‘acidentalistas’ querem que acreditemos que é ‘simplista’ atribuir qualquer um dos nossos problemas a planejamento, e que na verdade, todos eles são causados pela tríade Pobreza, Ignorância e Doença. Os ‘acidentalistas’ ignoram o fato de que alguns dos países mais avançados do mundo foram conquistados pelos comunistas, como a Tchecoslováquia, que era um dos mais industrializados e Cuba, que tinha a segunda maior renda per capita da América Central e do Sul.” (página 14)
Levantando argumentos a favor de sua
tese, os dois autores, calçados em documentos, afirmam que
“Karl Marx foi contratado para escrever O Manifesto comunista, um pega-trouxas demagógico para atrair as massas, por um misterioso grupo que se autonomeava a Liga dos Homens Justos. Na realidade, O Manifesto comunista já estava em circulação havia muito tempo quando o nome de Marx passou a ter reconhecimento suficiente para estabelecer sua autoria do manual revolucionário.” (página 29)
Na busca das evidências para
desenvolver uma variação do seu tema, os autores deste livro apelam para um
efeito textual extremamente sedutor: partem do conhecimento que qualquer de nós
temos sobre o crime organizado. Dizem-nos que estes mandatários são gente sem
educação formal, que são formados na” pobreza e aprenderam o ofício nos becos
sujos de Nápoles, Nova York e Chicago”.
E aí deduzimos facilmente: “nossa,
isto deve ser verdade, conheço realidade parecida com esta aqui mesmo, no
Brasil. Igualzinho aos traficantes nas comunidades pobres espalhadas por este
imenso país”. Baseados nesta analogia que você foi levado a formar em sua
mente, eles acrescentam:
“Agora suponha que um sujeito com a mesma personalidade amoral gananciosa dos chefes da máfia nascesse em uma família patrícia de grande riqueza, estudasse nos melhores colégios secundários e depois em Harvard, Yale ou Princeton, com uma possível pós-graduação em Oxford. Nessas instituições, viria a conhecer bem história, economia, psicologia, sociologia e ciência política. Depois de graduar-se em estabelecimentos tão ilustres, seria possível encontrá-lo pelas ruas vendendo bilhetes de jogo, passando maconha para adolescentes ou controlando prostíbulos? Será que ele participaria de guerras de gangues? De modo algum. Pois com esse tipo de formação, ele perceberia que se você quer poder, poder de verdade, o que a história ensina é: ‘Entre para o governo’. Torne-se político e se empenhe para conquistar poder político ou, melhor ainda, transforme políticos em laranjas seus. É aí que está o poder de verdade – e o dinheiro de verdade.” (página 27)
Escrevendo que
sempre o que está por trás dos conflitos econômicos e políticos deste grupo
detentor do poder – nomeados pelos autores como Adeptos – pelo mundo
todo são os ganhos e manutenção do poder daquele pequeno grupo dos
absolutamente ricos. Os autores afirmam, por exemplo, a morte do Rei
Ferdinando, dada como estopim da Primeira Guerra Mundial pelos historiadores,
nada mais foi que um pretexto.
Os adeptos sempre
agiram para capturar a esquerda. Garry e Larry argumentam, nesta linha de
raciocínio:
“Não existe nenhum movimento proletário nem mesmo movimentos comunistas, que não tenha operado de acordo com os interesses do dinheiro, na direção indicada pelo dinheiro e pelo período permitido pelo dinheiro – e isso sem que os idealistas entre seus líderes tenham a mais leve suspeita do fato.” (página 64)
E Seguem:
“Na Revolução Bolchevique veem-se alguns dos homens mais ricos e mais poderosos do mundo financiando um movimento que alega como base de sua própria existência a ideia de privar homens como os Rothschild, os Rockefeller, os Schiff, os Warburg, os Morgans, os Harriman e os Milner de sua riqueza. É evidente, no entanto, que esses homens não têm o menor medo do comunismo internacional. A conclusão lógica é que... o controlam.” (página 78)
De acordo com Gary
e Larry, são membros das famílias Rockefeller e Eaton que têm o poder de
transferência tecnológica à União Soviética (o livro foi escrito em 1971,
lembre-se. A URSS ainda estava de pé).
Uma conclusão para
tudo isto, sendo verdade, é que será muito mais fácil para controlar, manipular
governos totalitários, tanto de esquerda quanto de direita, por mão que saiba
jogar e tenha dinheiro e poder. Isto é o que tem sido feito no mundo. Tais famílias
– Adeptos, na terminologia dos autores – não conhecem crise. Cada vez
têm mais poder e mais dinheiro. Cada vez mais suas influências se disseminam
pelo mundo.
Enquanto isto,
para seguir a linha de raciocínio dos dois escritores, fico eu e ficamos nós cá
embaixo, trocando ódios e ameaças de acordo com nossas ideologias. Tal estado
seria ótimo, pois assim não vemos o que, de verdade, acontece no andar
superior.
Resta nos
perguntarmos: mas tudo isto – e a partir do título – não seria meramente uma
Teoria de Conspiração, como tantas circulantes por aí? Pode ser. O livro nos
deixa com muitas pulgas atrás das duas orelhas. Incomoda-nos sermos estúpidos. Um
fantoche, provavelmente, se sentiria assim, se pudesse ter sentimentos.
Teoria de Conspiração. Pode ser. Mas que o livro é bem escrito, tem argumentos bem arranjados e cita fontes para certos fatos, isto também é verdade.
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