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Título original: The Last Bookshop in London Autora: Madeline Martin Tradutora:Simone Reisner Editora: Arqueiro Edição: s/n Copyright: 2021 ISBN: 978-65-5565-328-1 Gênero Literário: Romance Origem: Literatura americana |
Madeline Martin escreve ficção histórica
e já possui vários livros entre os mais vendidos, segundo a lista do The New
York Times. Ela reside na cidade de Jacksonville, Florida. Madeline é graduada
pelo Flagler College em Administração Comercial. Seus hobbies incluem escalada
em montanhas, corrida.
Após viver na
Europa por mais de uma década, Madeline gosta de empreender viagens
internacionais sempre que pode. Seu lugar favorito para visitar: Escócia. Escrever
sempre foi sua paixão desde que ela era uma criança e agora, ela finalmente
consegue a realização do seu sonho.
Este A Última
Livraria de Londres é um best-seller. Apesar de o subtítulo dizer tratar-se
de “Um romance sobre a Segunda Guerra Mundial”, a meu ver, isto é meia-verdade.
Trata-se, mais especificamente, de um romance sobre o amor pelos livros e por
certa livraria na cidade de Londres. A ambientação é a Segunda Guerra Mundial,
mas a narrativa faz apenas pequenas referências às batalhas.
É um best-seller
menos usual, pois envereda-se por reconstituição histórica inglesa e cita vários
clássicos da literatura. Tive a paciência de anotá-los e cheguei à seguinte
lista de citações: O Conde de Montecristo, de Alexandre Dumas; Emma,
de Jane Austen; Mein Kampf, de Hitler; What Hitler Wants, de
Léon Trotsky; Frankenstein, de Mary Shelly; As Ondas, de Virgínia
Woolf; Um Conto de Natal e Um Conto de Duas Cidades, As
Aventuras do Sr. Pickwick, todos três de Charles Dickens; A Odisseia,
de Homero; Jane Eyre, de Charlotte Brontë; O Grande Gatsby, de
Scott Fitzgerald; Middlemarch, de George Eliot; A Feira de Vaidades,
de William Makepeace Thackery; Entre O Amor e O Pecado, de Kathleen
Winsor; Rebeca, de Daphne du Maurier.
“Grace Bennet sempre sonhou em morar em Londres. Mas jamais poderia imaginar que essa se tornaria sua única opção, ainda mais às vésperas de uma guerra.
O trem parou na estação Farringdon, que tinha o nome claramente sinalizado na parede, em uma faixa azul sobre um círculo vermelho. Várias pessoas aguardavam na plataforma, ansiosas para entrar, enquanto outras tantas ansiavam por sair. Vestiam roupas bem-feitas, seguindo o estilo elegante da vida na cidade. Muito mais sofisticadas do que em Drayton, no condado de Norfolk.” (página 7)
Grace e Viv –
duas amigas de infância e residentes no condado de Norfolk, Inglaterra,
resolvem, então, se mudar para a grande Londres. Grace, a bem da verdade,
praticamente nada deixa para trás; apenas um tio seco e egoísta, que se nega a
dar a ela uma carta de recomendação.
Quanto a Viv, ela
também não possui uma carta de recomendação, mas não tem pruridos em forjar
uma. Fake news, já naquela época...
As duas vão viver
na casa da velhinha, a Sra. Weatherford. Esta senhora era amiga da mãe de Grace
e fica feliz em receber as duas. Viv vem com a pretensão de trabalhar numa
grande loja de departamentos, enquanto Grace ainda não tem nada certo.
A Sra. Weatherford
resolve consertar esta falha do destino. Encaminha a filha de sua amiga a uma
livraria antiga, em Londres, a Primerose Hill, de propriedade do Sr. Evans. A primeira
impressão da livraria não é nada agradável para Grace:
“ Havia um cheiro de mofo no ar, misturado com um odor parecido com o de lã molhada. Camadas de poeira nas estantes indicavam que grande parte do estoque não era tocada havia um bom tempo, e pilhas de livros no chão arranhado de madeira davam ao cenário uma sensação de desordem. Esse efeito era intensificado por um balcão à direita, coberto com o que pareciam ser contas amontoadas ao acaso em meio a um caótico mar de tocos de lápis.” (página 20)
E, quando ela se
apresenta como enviada pela Sra. Weatherford para trabalhar ali, ele simplesmente
lhe responde não precisar de ninguém. E aí, nós, leitores, sentimos certa
antipatia pelo Sr. Evans. Velho chato, solitário, ranzinza e acomodado.
Simplificando,
por nova intervenção da sua protetora, Grace acaba sendo admitida na livraria. Entretanto,
há dificuldade no seu novo trabalho: ela nunca foi muito dada a leituras e a
livros e praticamente, não conhece título algum.
Como disse, o
pano de fundo deste A Última Livraria de Londres é a Segunda Guerra
Mundial. Este conflito mundial ainda não é uma ameaça real para os ingleses,
mas eles tomam seus cuidados. Por exemplo, instalam sirenes de emergência por
toda a cidade e os pais, amedrontados, começam a mandar seus filhos para o
interior, onde a possibilidade de ataque alemão é sensivelmente menor. Nos quintais
das casas, vão sendo construídos abrigos antibomba.
Grace segue sua
vida, até que, em determinado dia, entra na livraria o Sr. Anderson:
“Os olhos de Grace passaram rapidamente pelas lombadas de vários livros. Mas eles não seguiam qualquer ordem de colocação, nem por título, nem por nome do autor, nem pela cor da capa.
— Se me der licença... – disse uma voz masculina atrás de Grace.
Ela se sobressaltou e viu um homem alto, usando um paletó cinza feito sob medida, os cabelos pretos bem penteados para o lado. Ela já o havia notado mais cedo. Afinal, que mulher não notaria um sujeito assim, tão bonito? Mas isso fora há algum tempo e ela achou que ele já houvesse saído da loja.” (página 31)
E é este Sr.
George Anderson que desperta em Grace o amor (não só) pelos livros. Presenteia-a
com uma edição capa dura do clássico de Alexandre Dumas, O Conde de
Montecristo. Pouco depois, ele sai de cena por um tempo, pois é piloto da
RAF – Royal Air Force e tem de combater no front em guerra, assim como Colin –
o gentil filho da Sra. Weatherford.
A cada dia, o
clima da cidade vai se tornando mais tenso. Logo vem a notícia pior possível,
Hitler tomou a França. Logo, pelo raciocínio dos citadinos, a próxima etapa
será Hitler atacar a Inglaterra. Do ponto de vista da política interna, as
coisas também não vão nada bem.
No rádio, a voz
do Primeiro-Ministro Chamberlain se faz ouvir, mas logo a Polônia cai sob o
domínio alemão e a política pacifista do Ministro vai por terra e ele pede
demissão. Neste ponto, já é evidente que a Inglaterra passará maus momentos. No
lugar do político demissionário, entra Winston Churchill.
Grace e Viv não
conseguem se manter isentas, nesta comoção que a todos marca. Viv deixa seu
emprego na Harod’s e se alista na SVM – Serviço Voluntário de Mulheres, assessorando
militarmente o exército inglês. Grace participa da ARP – Air Raid Precautions
(Precauções Contra Ataques Aéreos), enquanto continua trabalhando na Primerose
Hill.
O blecaute se
instala em Londres. Bombas são jogadas sobre a cidade e o trabalho da ARP é
garantir que o blecaute seja respeitado pela própria população. Além disso,
seus membros ajudam no combate aos incêndios e socorro imediato aos feridos
pelos ataques.
Chegamos aqui e
não desejo cometer spoilers. Dramas acontecem, numa história cujo pano de fundo
seja a Segunda Guerra Mundial não se pode escapar de eventos assim, se o autor
quiser manter a verossimilhança. Claro, um romance histórico não tem de
obedecer aos chamados “fatos históricos”, há licença para ficcioná-los pelo bom
andamento do romance.
Por que o autor
deste blog se decidiu ler um livro destes, que não é muito o seu habitual? Eu diria,
amigo que me lê, por dois motivos. Primeiro, ele foi lido na praia. Como leitura
de praia, funcionou muito bem, mas eu desejava descansar, sem leituras
profundas e cheias de filosofia. Penso, este livro tem certo parentesco com 84
Charing Cross Street (título em português, Nunca te vi sempre te amei), de
Helene Hanff, A Livraria Mágica de Paris, de Nina George, e mesmo A
Sociedade Literária e A Torta de Casca de Batata, de Mary Ann Shaffer e
Annie Barrows.
Não há qualquer
preconceito em se ler best-sellers. São livros leves, leituras agradáveis. Afinal,
há livros para todas as ocasiões e pessoas. Leituras pouco densas, leituras
profundas. Nem todo mundo se dispõe a ler Ulisses, de James Joyce. Eu ainda não
me aventurei.
Segundo motivo,
uma narrativa, mesmo mais convencional, sobre livros e livrarias me atrai bastante.
É muito bom ler algo sobre aquilo que amamos tanto, não? Não só leitura:
consumo também filmes com esta temática. Só de ter, na sinopse, o envolvimento
de um escritor ou escritora na trama, já é meio caminho andado para eu me
dispor a assistir.
3 comentários:
Boa tarde! Como são livros não é mesmo, acabei de ler A livreira de Paris e pesquisando sobre Sylvia Beach , cheguei no livro de Adrienne , Rua do Odeon ( essa maravilha uma novidade pra mim é cheguei não sei como no seu blog), e estou com esse livro como uma das minhas próximas leituras. Além de já querer o livro de Adrienne e de Sylvia, que me darei de presente , visto que logo faço aniversário. Estante Virtual me aguarda.
Você tem rede social, se tiver gostaria de te seguir e no skoob também.
Obrigado
Esse livro A última livraria de Londres, promete uma ótima leitura, como amo livros e se tema específico é precioso nas minhas leituras.
Cleber, a propósito só agora me dei conta de um comentário seu na sua postagem,rsrsrs.
Eu estou terminando Ulysses de Joice, meu maior desafio Literário da Vida Inteira de leitora, ( estou na página 1028 e vai até a 1106), leituras leves são necessárias com toda certeza.
Adorei a coincidência do seu comentário e minha leitura.
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